Oi pessoal,
o 11º sarau está chegando. Já escolheram os poemas? E as músicas? Creio que teremos novos amigos na poesia e na música.
Aguardo a todos com o carinho de sempre.
cleuzaraujo
Este blog tem o intuito de divulgar poesias e pensamentos dos grandes mestres da literatura, poemas dos amigos e desta mera professorinha que de quando em vez se mete a poetisa. Aproveitem toda a poesia do pôr-do-sol no Mar Mediterrâneo!
domingo, 12 de setembro de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
10º Sarau da família Araújo - 24 de julho de 2010
Pessoas, segue este texto um estudo que encontrei na net sobre ele, que achei muito interessante, no final do estudo tem o endereço acessado.
O Anjo (Ferreira Gular)
O anjo, contido
em pedra
e silêncio,
me esperava.
Olho-o, identifico-o
tal se em profundo sigilo
de mim o procurasse desde o início.
Me ilumino! todo
o existido
fora apenas a preparação
deste encontro.
Antes que o olhar, detendo o pássaro
no vôo, do céu descesse
até o ombro sólido
do anjo,
——–criando-o
- que tempo mágico
ele habitava?
Tão todo nele me perco
que de mim se arrebentam
as raízes do mundo;
tamanha
a violência de seu corpo contra
o meu,
——–que a sua neutra existência
se quebra:
————e os pétreos olhos
————se acendem;
————facho
emborcado contra o solo, num desprezo
à vida
arde intensamente;
—————-a leve brisa
—————-faz mover a sua
—————-túnica de pedra.
O anjo é grave
agora.
Começo a esperar a morte.
Estudo
“O anjo” (p. 26-27), por exemplo, se resume na procura
desesperada da poesia e na desilusão do encontro – angústia do poeta que
não descobre a solução para seu desespero nem mesmo na palavra que,
não obstante, é tudo o que lhe é possível. A forma fixa dos poemas anteriores,
com rimas regulares e versos metrificados, é substituída pela fragmentação
dos versos, pela ausência de rimas e de ritmo marcado, num
processo permanente de rupturas. Ferreira Gullar, ao dividir o poema em
quatro partes, sugere os quatro movimentos distintos da criação poética:
o encontro, a criação, a posse total, a morte. “O anjo, contido/ em pedra”
(p. 26), como a inspiração no silêncio, está à espera de que alguém o descubra,
não foge, não vai ao encontro de ninguém, não se entrega senão àqueles
que o procuram. O anjo, na sua natureza etérea, ganha forma na pedra;
a poesia, na sua matéria abstrata, ganha forma no poema. A inspiração,
o clarão instantâneo, o lampejo do encontro – “Me ilumino!” (p. 26) –
só aparecem após a agonia de uma longa procura, muitas vezes até inconsciente.
Quando a posse se dá, há uma transfusão de vida, a pedra fria é
fecundada pelo ardor do poeta: “sua neutra existência se quebra” (p. 27).
Opera-se, agora, uma verdadeira magia; a pedra se transubstancia em
carne, o imóvel se põe em movimento, os olhos frios adquirem vida:
e os pétreos olhos
se acendem
(...)
a leve brisa
faz mover a sua
túnica de pedra.
(p. 27)
A posse é o verdadeiro momento da criação. O anjo não é mais
pedra, o poeta não é mais silêncio, tomou forma e vida, é o milagre da
linguagem poética não pela sua essência quanto pelo seu poder de criação.
Houve um equilíbrio perfeito entre as duas forças que são as componentes
do poema, de um lado o encontro casual, a inspiração livre, aérea,
indefinida, fantástica e do outro a força selecionadora e organizadora da
palavra fecundante recriada pela lucidez que fixa definitivamente a forma
do poema. E subitamente, de modo fulminante, como a própria última
estrofe – três curtos versos – tudo acaba, vem a morte. O encontro, a
criação, a posse vitoriosa, tudo se transforma em tristeza, mais ainda, se
transforma em morte: “O anjo é grave/ agora./ Começo a esperar a morte”
(p.27).
A visão que brilhou, por instantes, não se transformou em vida a
não ser no instante, breve instante, da inspiração, para voltar a ser novamente
pesado e frio quando a inspiração se transformou em palavra. Ao
usar o vocábulo “morte” como fecho do poema, o poeta nos revela todo o
sofrimento da procura, da aspereza do caminho e a desilusão da posse
que jamais poderá ser total, plena e definitiva. O anjo é vivificado, acorda
de seu profundo sono, mas no mesmo instante perde a vida e o encanto.
Daí a angústia do poeta, ao contemplar sua criatura, por aquela impotência
de penetrar no âmago da palavra e por aquela impossibilidade de
uma autêntica realização do lampejo inspirador.
Ferreira Gullar, que começou procurando a poesia no espaço dos
mitos e símbolos poéticos, constata com pesar que o poema surgido desta
imensidão íntima, uma vez realizado, perde a força inicial, é vão, sem
sentido.
http://www1.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista39/art18.pdf
O Anjo (Ferreira Gular)
O anjo, contido
em pedra
e silêncio,
me esperava.
Olho-o, identifico-o
tal se em profundo sigilo
de mim o procurasse desde o início.
Me ilumino! todo
o existido
fora apenas a preparação
deste encontro.
Antes que o olhar, detendo o pássaro
no vôo, do céu descesse
até o ombro sólido
do anjo,
——–criando-o
- que tempo mágico
ele habitava?
Tão todo nele me perco
que de mim se arrebentam
as raízes do mundo;
tamanha
a violência de seu corpo contra
o meu,
——–que a sua neutra existência
se quebra:
————e os pétreos olhos
————se acendem;
————facho
emborcado contra o solo, num desprezo
à vida
arde intensamente;
—————-a leve brisa
—————-faz mover a sua
—————-túnica de pedra.
O anjo é grave
agora.
Começo a esperar a morte.
Estudo
“O anjo” (p. 26-27), por exemplo, se resume na procura
desesperada da poesia e na desilusão do encontro – angústia do poeta que
não descobre a solução para seu desespero nem mesmo na palavra que,
não obstante, é tudo o que lhe é possível. A forma fixa dos poemas anteriores,
com rimas regulares e versos metrificados, é substituída pela fragmentação
dos versos, pela ausência de rimas e de ritmo marcado, num
processo permanente de rupturas. Ferreira Gullar, ao dividir o poema em
quatro partes, sugere os quatro movimentos distintos da criação poética:
o encontro, a criação, a posse total, a morte. “O anjo, contido/ em pedra”
(p. 26), como a inspiração no silêncio, está à espera de que alguém o descubra,
não foge, não vai ao encontro de ninguém, não se entrega senão àqueles
que o procuram. O anjo, na sua natureza etérea, ganha forma na pedra;
a poesia, na sua matéria abstrata, ganha forma no poema. A inspiração,
o clarão instantâneo, o lampejo do encontro – “Me ilumino!” (p. 26) –
só aparecem após a agonia de uma longa procura, muitas vezes até inconsciente.
Quando a posse se dá, há uma transfusão de vida, a pedra fria é
fecundada pelo ardor do poeta: “sua neutra existência se quebra” (p. 27).
Opera-se, agora, uma verdadeira magia; a pedra se transubstancia em
carne, o imóvel se põe em movimento, os olhos frios adquirem vida:
e os pétreos olhos
se acendem
(...)
a leve brisa
faz mover a sua
túnica de pedra.
(p. 27)
A posse é o verdadeiro momento da criação. O anjo não é mais
pedra, o poeta não é mais silêncio, tomou forma e vida, é o milagre da
linguagem poética não pela sua essência quanto pelo seu poder de criação.
Houve um equilíbrio perfeito entre as duas forças que são as componentes
do poema, de um lado o encontro casual, a inspiração livre, aérea,
indefinida, fantástica e do outro a força selecionadora e organizadora da
palavra fecundante recriada pela lucidez que fixa definitivamente a forma
do poema. E subitamente, de modo fulminante, como a própria última
estrofe – três curtos versos – tudo acaba, vem a morte. O encontro, a
criação, a posse vitoriosa, tudo se transforma em tristeza, mais ainda, se
transforma em morte: “O anjo é grave/ agora./ Começo a esperar a morte”
(p.27).
A visão que brilhou, por instantes, não se transformou em vida a
não ser no instante, breve instante, da inspiração, para voltar a ser novamente
pesado e frio quando a inspiração se transformou em palavra. Ao
usar o vocábulo “morte” como fecho do poema, o poeta nos revela todo o
sofrimento da procura, da aspereza do caminho e a desilusão da posse
que jamais poderá ser total, plena e definitiva. O anjo é vivificado, acorda
de seu profundo sono, mas no mesmo instante perde a vida e o encanto.
Daí a angústia do poeta, ao contemplar sua criatura, por aquela impotência
de penetrar no âmago da palavra e por aquela impossibilidade de
uma autêntica realização do lampejo inspirador.
Ferreira Gullar, que começou procurando a poesia no espaço dos
mitos e símbolos poéticos, constata com pesar que o poema surgido desta
imensidão íntima, uma vez realizado, perde a força inicial, é vão, sem
sentido.
http://www1.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista39/art18.pdf
10º Sarau da família Araújo - 24 de julho de 2010
El viento en la isla (Pablo Neruda)
El viento es un caballo:
óyelo cómo corre
por el mar, por el cielo.
Quiere llevarme: escucha
cómo recorre el mundo
para llevarme lejos.
Escóndeme en tus brazos
por esta noche sola,
mientras la lluvia rompe
contra el mar y la tierra
su boca innumerable.
Escucha como el viento
me llama galopando
para llevarme lejos.
Con tu frente en mi frente,
con tu boca en mi boca,
atados nuestros cuerpos
al amor que nos quema,
deja que el viento pase
sin que pueda llevarme.
Deja que el viento corra
coronado de espuma,
que me llame y me busque
galopando en la sombra,
mientras yo, sumergido
bajo tus grandes ojos,
por esta noche sola
descansaré, amor mío.
Você esqueceu!!!
Um garoto muito dedicado e esforçado querendo se mostrar ainda mais esforçado, assim que completou 16 anos arrumou um emprego meio periodo num Fast-Food qualquer, logo no inicio, seu "treinador" lhe passou algumas orientações:
- Certo, você vai trabalhar no Drive Thru; aqui você frita as batatas, (cuidado para não morrer queimado....to falando sério) Aqui é a maquina de refri e ali é a janela onde você atende os idiotas.
Apontando para uma caveira feia pendurada dentro do local ele disse:
- Está é a caveira do arrependimento, e aqui ficam os palitos...TODOS os palitos.
o garoto ia se manifestar quando o homem o interrompeu:
- A caveira né? ela vai soltar um grito assustador toda vez que esquecer algo do pedido; você provavelmente vai esquecer, mas não se assuste.
Então o homem jogou um monte de palitos no garoto e disse:
- Mas, não se esqueça dos palitos.
Já no dia a dia, o garoto começou a fazer um pedido, e logo que entregou no carro:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA... - um grito assustador seguido de uma voz medonhas - VOCÊ ESQUECEU AS FRITAS!!!
o garoto correu e para fazer as fritas e:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU O REFRI!.
o garoto correu para a geladeira e:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU AS FRITAS NO ÓLEO.
o garoto correu e para fazer tudo e logo todos os dias era um grito medonho e varias coisas, aquilo ficou na mente do garoto, ele não queria mais ouvir aquele grito e aquela voz insuportável. Ele era esforçado e não desistiu, se esforçou muito e logo os gritos foram sendo reduzidos, até que um dia ele fez um belo e rapido atendimento, não esqueceu-se de NADA, o cliente pegou o pedido e disse:
- Ual, que rapido. - E partiu.
E quando o garoto ia respirar aliviado:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....
- Poxa vida...eu não esqueci nada, peguei tudo E EU ATÉ SORRI!!!!
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU!!
- VOCÊ ESQUECEU SEU DIPLOMA
- VOCÊ ESQUECEU SUA FAMILIA
- VOCÊ ESQUECEU DE AMAR
- VOCÊ ESQUECEU SUA NAMORADA...EX NAMORADA
- COM ESSE EMPREGO DE MERDA, VOCÊ ESQUECEU SUA VIDA!
...
- VOCÊ ESQUECEU OS PALITOS.
Então o homem apareceu atrás dele, lhe jogou os palitos novamente e disse:
- Eu não te disse?!!?
El viento es un caballo:
óyelo cómo corre
por el mar, por el cielo.
Quiere llevarme: escucha
cómo recorre el mundo
para llevarme lejos.
Escóndeme en tus brazos
por esta noche sola,
mientras la lluvia rompe
contra el mar y la tierra
su boca innumerable.
Escucha como el viento
me llama galopando
para llevarme lejos.
Con tu frente en mi frente,
con tu boca en mi boca,
atados nuestros cuerpos
al amor que nos quema,
deja que el viento pase
sin que pueda llevarme.
Deja que el viento corra
coronado de espuma,
que me llame y me busque
galopando en la sombra,
mientras yo, sumergido
bajo tus grandes ojos,
por esta noche sola
descansaré, amor mío.
Você esqueceu!!!
Um garoto muito dedicado e esforçado querendo se mostrar ainda mais esforçado, assim que completou 16 anos arrumou um emprego meio periodo num Fast-Food qualquer, logo no inicio, seu "treinador" lhe passou algumas orientações:
- Certo, você vai trabalhar no Drive Thru; aqui você frita as batatas, (cuidado para não morrer queimado....to falando sério) Aqui é a maquina de refri e ali é a janela onde você atende os idiotas.
Apontando para uma caveira feia pendurada dentro do local ele disse:
- Está é a caveira do arrependimento, e aqui ficam os palitos...TODOS os palitos.
o garoto ia se manifestar quando o homem o interrompeu:
- A caveira né? ela vai soltar um grito assustador toda vez que esquecer algo do pedido; você provavelmente vai esquecer, mas não se assuste.
Então o homem jogou um monte de palitos no garoto e disse:
- Mas, não se esqueça dos palitos.
Já no dia a dia, o garoto começou a fazer um pedido, e logo que entregou no carro:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA... - um grito assustador seguido de uma voz medonhas - VOCÊ ESQUECEU AS FRITAS!!!
o garoto correu e para fazer as fritas e:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU O REFRI!.
o garoto correu para a geladeira e:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU AS FRITAS NO ÓLEO.
o garoto correu e para fazer tudo e logo todos os dias era um grito medonho e varias coisas, aquilo ficou na mente do garoto, ele não queria mais ouvir aquele grito e aquela voz insuportável. Ele era esforçado e não desistiu, se esforçou muito e logo os gritos foram sendo reduzidos, até que um dia ele fez um belo e rapido atendimento, não esqueceu-se de NADA, o cliente pegou o pedido e disse:
- Ual, que rapido. - E partiu.
E quando o garoto ia respirar aliviado:
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....
- Poxa vida...eu não esqueci nada, peguei tudo E EU ATÉ SORRI!!!!
- AHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA....VOCÊ ESQUECEU!!
- VOCÊ ESQUECEU SEU DIPLOMA
- VOCÊ ESQUECEU SUA FAMILIA
- VOCÊ ESQUECEU DE AMAR
- VOCÊ ESQUECEU SUA NAMORADA...EX NAMORADA
- COM ESSE EMPREGO DE MERDA, VOCÊ ESQUECEU SUA VIDA!
...
- VOCÊ ESQUECEU OS PALITOS.
Então o homem apareceu atrás dele, lhe jogou os palitos novamente e disse:
- Eu não te disse?!!?
10º Sarau da família Araújo - 24 de julho de 2010
Canto Para A Minha Morte (Composição: Raul Seixas / Paulo Coelho)
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
10º Sarau da família Araújo - 24 de julho de 2010
Pessoas queridas, mais uma vez obrigada pela presença. Aos que não puderam estar presentes, nossas saudades e o nosso pesar, torcendo para que estejamos todos juntos no dia 18 de setembro, na 11ª edição do Sarau da Família Araujo.
Os textos que foram declamados, seguem abaixo:
Canto a minha morte - cleuza maria araujo
O Anjo - Eliana Campaner
Você se esqueceu... - Tainan
El viento en la isla - Demetrio Espinosa
Fragmentos - Divino Aizza
Os textos que foram declamados, seguem abaixo:
Canto a minha morte - cleuza maria araujo
O Anjo - Eliana Campaner
Você se esqueceu... - Tainan
El viento en la isla - Demetrio Espinosa
Fragmentos - Divino Aizza
sábado, 24 de julho de 2010
10º Sarau da família Araújo - hoje, 24 de julho de 2010
Olá Galera,
estou contando as horas para chegar à noite e podermos desfrutar da delícia que são nossos encontros. Na semana publicarei as poesias declamadas.
beijos a todos
estou contando as horas para chegar à noite e podermos desfrutar da delícia que são nossos encontros. Na semana publicarei as poesias declamadas.
beijos a todos
sábado, 19 de junho de 2010
José Saramago
Estas foram as ultimas palavras que Saramago escreveu.
"Pensar, pensar
18 de junho
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, metodo de reflexao, que pode nao ter um objectivo determinado, como a ciencia, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexao, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."Não há comentário possível, apenas reflexão...
cleuza
segunda-feira, 7 de junho de 2010
9º Sarau da família Araujo
Dia 5 de junho de 2010 - noite memorável - o teclado de Eliana Campaner, o violino de Miltinho e o violão de Demétrio Espinosa - simplesmente maravilhoso, tocante... Uma noite sem igual. Obrigada a todos pela magnífica participação.
Poemas declamados nesta noite:
O Processo
Autora: Ely Vieitz
Declamado por: Cleuza Maria Araujo
Deram-me um presente falso ao nascer
Liberdade sempre posta a ferros
Caminhos sem mapas, pantanosos
Ínvios desvios perigosos
Em abismos terminados.
Ao crescer vi não podia trazer
O rosto nu, o coração aberto
A hipocrisia rondava perto
Usavam-se máscaras grudadas à cara
Tentando cumprir o papel dito e certo.
Prometeram-me sonhos, a vida, rica em Tebas
De áureas portas, rubros tapetes dos ideais
Concretizados, homens amados, fiéis,
Doces, sem jamais o veneno da traição.
Amargura ao saber (quando?) que a vítima
Não fora eu, mas todos da humana condição.
Se criados pretensamente livres, fadados à perfeição
Quem roubara a fórmula e a deteriorou
De tal maneira degradou, como asas quebradas
Ninhos vazios, abismos, impasses, proibições,
Maldições alçadas a uma escada de Jacó às avessas?
Futuro efêmero, de sentido oblíquo, jamais reto
Perigo quando no fio da navalha se anda, condenação sem veto
Final sempre trágico, incongruente, absurdo
Diante de um juiz mudo, indiferente, surdo.
Tal é o destino do homem, nascido para rei,
Por cruel carrasco executado, saindo de cena
Sempre infeliz, falho, inteiramente desinformado.
Eu, tu não somos a cruel exceção
Mas regra dessa vil e insólita equação
Do pobre deus destronado, selado
Pela, dos homens, trágica condição.
INSTROPECÇÃO
Nicolas Guto
Declamada por Eliana Campaner
Reflita...
Sobre as besteiras que saem de uma boca
Comandada por uma cabeça aflita.
Reflita...
Sobre as besteiras que entram em uma cabeça
Desgovernada por uma boca que grita.
Deus me proteja da minha ingenuidade
Para que eu não me entregue tão fácil e totalmente aos outros.
Deus me preserve da minha agressividade
Para que eu não me torne mais ignorante aos poucos
E assim tenha a razão dos loucos.
Deus não me poupe a coragem
Para que eu possa enfrentar com humildade/dignidade
As regras desse mundo-jogo.
Poema 15 – Pablo Neruda
Declamado por Demétrio Espinosa
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que um beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mia.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palavra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrulo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como La noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Poema para o meu segundo Anjo (in memorian de Edward, seu filho)
Escrito e declamado por Maria Rita da Silva
Quando chegaste pra mim
Só vi beleza infinda
Quanto te lembro agora
É tudo que vejo ainda.
Beleza na alegria de viver
Na pureza do sentir
No prazer do servir
E na força do querer.
Beleza dos teus olhos verdes
Inocentes, vivos e transparentes,
Mostrando a grandeza do ser.
És um Anjo, sempre foi
Agora eu sei, afinal, que tua beleza infinda
É beleza angelical, de alma imortal.
O Professor Divino Aizza declamou uma poesia de autoria própria que fez em homenagem a sua esposa Jocélia, lindo demais. Posteriormente, será publicada.
Obrigada a todos pelo sucesso que foi o Sarau, às pessoas que não declamam, mas participam com sua presença e comentários oportunos e ajudam abrilhantar a noite, o meu muito obrigada.
Poemas declamados nesta noite:
O Processo
Autora: Ely Vieitz
Declamado por: Cleuza Maria Araujo
Deram-me um presente falso ao nascer
Liberdade sempre posta a ferros
Caminhos sem mapas, pantanosos
Ínvios desvios perigosos
Em abismos terminados.
Ao crescer vi não podia trazer
O rosto nu, o coração aberto
A hipocrisia rondava perto
Usavam-se máscaras grudadas à cara
Tentando cumprir o papel dito e certo.
Prometeram-me sonhos, a vida, rica em Tebas
De áureas portas, rubros tapetes dos ideais
Concretizados, homens amados, fiéis,
Doces, sem jamais o veneno da traição.
Amargura ao saber (quando?) que a vítima
Não fora eu, mas todos da humana condição.
Se criados pretensamente livres, fadados à perfeição
Quem roubara a fórmula e a deteriorou
De tal maneira degradou, como asas quebradas
Ninhos vazios, abismos, impasses, proibições,
Maldições alçadas a uma escada de Jacó às avessas?
Futuro efêmero, de sentido oblíquo, jamais reto
Perigo quando no fio da navalha se anda, condenação sem veto
Final sempre trágico, incongruente, absurdo
Diante de um juiz mudo, indiferente, surdo.
Tal é o destino do homem, nascido para rei,
Por cruel carrasco executado, saindo de cena
Sempre infeliz, falho, inteiramente desinformado.
Eu, tu não somos a cruel exceção
Mas regra dessa vil e insólita equação
Do pobre deus destronado, selado
Pela, dos homens, trágica condição.
INSTROPECÇÃO
Nicolas Guto
Declamada por Eliana Campaner
Reflita...
Sobre as besteiras que saem de uma boca
Comandada por uma cabeça aflita.
Reflita...
Sobre as besteiras que entram em uma cabeça
Desgovernada por uma boca que grita.
Deus me proteja da minha ingenuidade
Para que eu não me entregue tão fácil e totalmente aos outros.
Deus me preserve da minha agressividade
Para que eu não me torne mais ignorante aos poucos
E assim tenha a razão dos loucos.
Deus não me poupe a coragem
Para que eu possa enfrentar com humildade/dignidade
As regras desse mundo-jogo.
Poema 15 – Pablo Neruda
Declamado por Demétrio Espinosa
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que um beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mia.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palavra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrulo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como La noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Poema para o meu segundo Anjo (in memorian de Edward, seu filho)
Escrito e declamado por Maria Rita da Silva
Quando chegaste pra mim
Só vi beleza infinda
Quanto te lembro agora
É tudo que vejo ainda.
Beleza na alegria de viver
Na pureza do sentir
No prazer do servir
E na força do querer.
Beleza dos teus olhos verdes
Inocentes, vivos e transparentes,
Mostrando a grandeza do ser.
És um Anjo, sempre foi
Agora eu sei, afinal, que tua beleza infinda
É beleza angelical, de alma imortal.
O Professor Divino Aizza declamou uma poesia de autoria própria que fez em homenagem a sua esposa Jocélia, lindo demais. Posteriormente, será publicada.
Obrigada a todos pelo sucesso que foi o Sarau, às pessoas que não declamam, mas participam com sua presença e comentários oportunos e ajudam abrilhantar a noite, o meu muito obrigada.
8º Sarau da Família Araújo
O 8º Sarau aconteceu no dia 13 de março de 2010, não postei absolutamente nada sobre o mesmo e não postarei.O tema foi "Beleza" - a noite estava quente e os corações tristes.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Nosso próximo sarau vem aí...
Pessoas queridas,
estou feliz com a participação antecipada de todos, ligando, enviando os poemas... Mais uma vez, muito obrigada e até dia 5.
estou feliz com a participação antecipada de todos, ligando, enviando os poemas... Mais uma vez, muito obrigada e até dia 5.
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