Dia 5 de junho de 2010 - noite memorável - o teclado de Eliana Campaner, o violino de Miltinho e o violão de Demétrio Espinosa - simplesmente maravilhoso, tocante... Uma noite sem igual. Obrigada a todos pela magnífica participação.
Poemas declamados nesta noite:
O Processo
Autora: Ely Vieitz
Declamado por: Cleuza Maria Araujo
Deram-me um presente falso ao nascer
Liberdade sempre posta a ferros
Caminhos sem mapas, pantanosos
Ínvios desvios perigosos
Em abismos terminados.
Ao crescer vi não podia trazer
O rosto nu, o coração aberto
A hipocrisia rondava perto
Usavam-se máscaras grudadas à cara
Tentando cumprir o papel dito e certo.
Prometeram-me sonhos, a vida, rica em Tebas
De áureas portas, rubros tapetes dos ideais
Concretizados, homens amados, fiéis,
Doces, sem jamais o veneno da traição.
Amargura ao saber (quando?) que a vítima
Não fora eu, mas todos da humana condição.
Se criados pretensamente livres, fadados à perfeição
Quem roubara a fórmula e a deteriorou
De tal maneira degradou, como asas quebradas
Ninhos vazios, abismos, impasses, proibições,
Maldições alçadas a uma escada de Jacó às avessas?
Futuro efêmero, de sentido oblíquo, jamais reto
Perigo quando no fio da navalha se anda, condenação sem veto
Final sempre trágico, incongruente, absurdo
Diante de um juiz mudo, indiferente, surdo.
Tal é o destino do homem, nascido para rei,
Por cruel carrasco executado, saindo de cena
Sempre infeliz, falho, inteiramente desinformado.
Eu, tu não somos a cruel exceção
Mas regra dessa vil e insólita equação
Do pobre deus destronado, selado
Pela, dos homens, trágica condição.
INSTROPECÇÃO
Nicolas Guto
Declamada por Eliana Campaner
Reflita...
Sobre as besteiras que saem de uma boca
Comandada por uma cabeça aflita.
Reflita...
Sobre as besteiras que entram em uma cabeça
Desgovernada por uma boca que grita.
Deus me proteja da minha ingenuidade
Para que eu não me entregue tão fácil e totalmente aos outros.
Deus me preserve da minha agressividade
Para que eu não me torne mais ignorante aos poucos
E assim tenha a razão dos loucos.
Deus não me poupe a coragem
Para que eu possa enfrentar com humildade/dignidade
As regras desse mundo-jogo.
Poema 15 – Pablo Neruda
Declamado por Demétrio Espinosa
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que um beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mia.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palavra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrulo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como uma lámpara, simple como un anillo.
Eres como La noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Poema para o meu segundo Anjo (in memorian de Edward, seu filho)
Escrito e declamado por Maria Rita da Silva
Quando chegaste pra mim
Só vi beleza infinda
Quanto te lembro agora
É tudo que vejo ainda.
Beleza na alegria de viver
Na pureza do sentir
No prazer do servir
E na força do querer.
Beleza dos teus olhos verdes
Inocentes, vivos e transparentes,
Mostrando a grandeza do ser.
És um Anjo, sempre foi
Agora eu sei, afinal, que tua beleza infinda
É beleza angelical, de alma imortal.
O Professor Divino Aizza declamou uma poesia de autoria própria que fez em homenagem a sua esposa Jocélia, lindo demais. Posteriormente, será publicada.
Obrigada a todos pelo sucesso que foi o Sarau, às pessoas que não declamam, mas participam com sua presença e comentários oportunos e ajudam abrilhantar a noite, o meu muito obrigada.
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