segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Do hipócrita / Henriqueta Lisboa

À saúde do hipócrita. À saúde
de seus ademanes de seda,
de suas doces olheiras e suspiros
de amor. É um gato
contornando porcelanas. É um elfo

esquivando-se à esgrima.
Pisa tacos de cera
com a devida cautela.

À saúde do hipócrita: poupa-nos
o espetáculo de suas vísceras.

Poema retirado do livro: Seleção: melhores poemas, p. 79, Ed. Global, 2001.