sábado, 5 de dezembro de 2009

O Sarau foi um sucesso como sempre! Obrigada a todos os participantes.

ESTAS FORAM ALGUMAS DAS POESIAS DECLAMADAS NO 7º SARAU DA FAMÍLIA ARAÚJO



“ A vida são

Deveres que nós
Trouxemos para
Fazer em casa.

Quando se vê, já são/ seis horas.../ quando se vê, já é / sexta feira../ quando se vê, já é
natal.../ quando se vê já, / terminou o ano...
Quando se vê, não / sabemos mais por / onde andam / nossos amigos.
Quando se vê, / perdemos o amor da / nossa vida. / quando se vê, / passaram-se 50 / anos.
Agora é tarde demais / para ser reprovado.
Se fosse dado, / um dia, uma / oportunidade, eu nem olhava o / relógio.
Seguiria sempre em / frente e iria / jogando pelo / caminho, a casca / dourada e inútil
das / horas.
Seguraria todos os / meus amigos, que já / não sei onde e como / estão, e diria:
Vocês são / extremamente / importantes para / mim.
Seguraria o meu amor, / que está, há muito, à / minha frente, e diria: / Eu te amo.
Dessa forma, eu digo: / não deixe de fazer algo / que gosta devido à / falta de tempo.
Não deixe de ter alguém / ao seu lado, ou de fazer / algo, por puro medo de / ser feliz.

A única falta que terá, / será desse tempo que / infelizmente... não / voltarás mais”

MÁRIO QUINTANA - LEITURA DRAMATIZADA POR DIVINO AIZZA





ANDORINHA

Andorinha, andorinha lá fora esta cantando:
-Passei o dia a-toa, a-toa.
Andorinha minha canção é mais triste:
-Passei a vida a-toa, a-toa.



A VIDA ASSIM NOS AFEIÇOA

Se fosse dor tudo na vida,
Seria a morte o sumo bem.
Libertadora, apetecida,
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: - Vem!

Quer para a bem-aventurança
Leves de um mundo espiritual
A minha essência, onde a esperança

Pôs o seu hálito vital;

Quer no mistério que te esconde,
Tu sejas, tão somente, o fim:
- Olvido, impertubável, onde
"Não restará nada de mim!"

Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidades de segundo,
Cuja saudade extingue a voz.

Ao nosso ouvido, embaladora,
A ama de todos os mortais,
A esperança prometedora,
Segreda coisas irreais.

E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...

Manuel Bandeira/declamado por Demétrio



O que é a vida?


A vida é oportunidade aproveite-a
A vida é beleza admire-a
A vida é prazer goze-a
A vida é sonho torne-o real
A vida é desafio enfrente-o
A vida é um dever cumpra-o
A vida é uma viagem termine-a
A vida é um jogo jogue-o
A vida é preciosa aprecia-a
A vida é riqueza conserve-a
A vida é amor desfrute-o
A vida é segredo descubra-o
A vida é uma promessa cumpra-a
A vida é sofrimento supere-o
A vida é uma canção cante-a
A vida é luta aceite-a
A vida é tragédia prepare-se                            
A vida e aventura anime-se
A vida é vida preserve-a
A vida é felicidade viva-a.

Por favor, não a deprecie: ela é valiosa!


Edilson José da Silva – 28 de novembro de 2009.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Próximo Sarau da Família Araújo está chegando...

Aos integrantes destes encontros maravilhosos que temos realizado, mais uma vez obrigada por estarmos juntos e tornar essas noites tão especiais.
As poesias já estão chegando para a parte literária e os músicos já estão se preparando??? Hein Demétrio, Eliana, Miltinho????
Aguardando ansiosa o dia 28 de novembro...
um beijos a todos
cleuza araujo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Esta poesia também foi declamada no 6º sarau da família Araújo

As Duas Rosas


Castro Alves



I

São duas rosas unidas,

São duas flores nascidas

Talvez no mesmo arrebol.

Vivendo no mesmo galho,

Da mesma gota de orvalho,

Do mesmo raio de sol.



II

Vivendo... bem como as penas

Das duas asas pequenas

De um passarinho no céu.

Como um casal de rolinhas

como a tribo de andorinhas

Da tarde no frouxo véu.



III

Vivendo, bem como os prantos

Que em parelhas descem tantos

Das profundezas do olhar.

Como o suspiro e o desgosto,

Como as covinhas do rosto,

Como as estrelas do mar.



IV

Vivendo... ai, quem pudera,

Numa eterna primavera,

Viver qual vive esta flor.

Juntar as rosas da vida

Na rama verde e florida,

Na verde rama do amor.


Declamada por: Cláudia Arcari

6º Sarau da Família Araújo - 12 de setembro

Aí galera,
já rolou o 6º sarau, esteve simplesmente maravilhoso, só pra variar o violão latino de Demétrio Espinosa, o violino de Miltinho e muita poesia de altíssima qualidade.

Uma das maravilhas ouvidas por nós foi essa poesia de Cecília Meireles.                                               Primavera 


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Declamado por : Maria Rita da Silva

O sarau também serviu de pretexto para comemorar os aniversários de Gilmar, meu amor, e de Fabíola, uma amiga querida, além da primavera.

domingo, 9 de agosto de 2009

Para você PAI com muita saudade.

Pai,
Três anos sem você, saiba que continua tendo o nosso carinho e a nossa saudade. O nosso amor continua intacto. As pessoas dizem que o tempo vai apagando as coisas de nossa mente, mas o que percebo em relação a você é que a cada dia você está mais vivo, e, às vezes, acontece algo que deixa você mais presente do que nunca: tal com a lembrança de uma comida de que você gostava, um amigo que encontramos, uma música que ouvimos, uma idéia que, de repente, nos traz a certeza de que você a defenderia até o fim.
Por tudo isso, eu queria dedicar-lhe um poema.
Um poema que traduzisse todo o amor e ternura, algo que pudesse ficar gravado para sempre no coração de cada um, por estar nele traduzido a reciprocidade do amor que vivemos.
Um poema que fosse como uma música, como o doce cantar dos pássaros, como a beleza das flores, como o murmúrio das águas, como o azul do céu, como a grandeza do mar!
Um poema que tivesse a força do calor do sol.
Que encantasse como o perfume das rosas, como a suavidade da brisa...
Um poema que revelasse ao mundo o seu tamanho. Que retratasse a sua figura, que expusesse as contradições de sua alma, a sua luta constante para que a justiça perseverasse – um poema, enfim, que escancarasse a sua humanidade, para que o mundo pudesse entender um pouco mais sobre você e entender o porquê de sua presença ter ficado marcada a ferro na alma de todos que com você conviveu.

Mas, eu não sou poeta, pai! Assim, esse poema não será escrito. Talvez eu nunca consiga expor ao mundo o homem que você foi, mas carrego uma certeza, a certeza de que quem o conheceu e conviveu com você, para quem teve essa alegria, nestes corações você tem o seu exato tamanho e viverá para sempre.

sua filha cleuza

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fotos do 5º sarau da Família Araújo

momento em que Eliana Campaner tocava "Eu sei que vou te amar" e Cleuza Araújo declamava "Soneto da fidelidade" de Vinícius de Moraes.

Momento mágico Demétrio Espinosa ao violão e Miltinho no violino "Volver a los 17".


sexta-feira, 10 de julho de 2009

5º sarau lítero-musical da Família Araújo

Aconteceu...
o 5º sarau da Família Araújo - 04 de julho - lindas poesias foram declamadas pelos amigos da família e pela anfitriã Cleuza Araújo, mas não foi só... A noite foi abrilhantada pela dançarina Cláudia Arcari(dança do ventre egípcia clássica), pela arte do artista plástico Rubinho Guerra, pelo violino de Miltinho, pelo teclado de Eliana Campaner e pelo violão de Demétrio Espinosa. Houve momentos de puro deleite... A arte como "grande aliciadora da vida" cumpriu seu papel com maestria. A vida, ali naquelas horas que juntos passamos, tornou-se palpável. Foi estonteante!
E nós tivemos um motivo a mais para esse encontro e essa festa - comemoramos o aniversário da amiga Eliana Campaner. Parabéns novamente, Li!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Poema de circunstâncias

Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O arranha-céu comeu.
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,
nos tiranossauros,
Que mais sei eu...
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha-céus!
Daqui
do fundo
de suas goelas,
só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas
gargantas ressecas.
Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte à janela onde trabalho
há uma grande árvore...
Mas, já estão gestando um monstro de permeio!
Sim, uma grande árvore... enquanto há verde,
Pastai, pastai, os olhos meus...
Uma grande árvore muito verde... Ah,
Todos os meus olhares são de adeus
Como um último olhar de um condenado.

Mário Quintana