domingo, 4 de novembro de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

SER - poema de Heloisa Crosio

SER

"Sou o vento, sou ar,

Sou momento!

Sou a chuva que molha a terra,


Sou a palavra no poema!

Sou magia, eterna fantasia.

Sou o tempo e a hora!

Sou o passado que não volta,


Sou poesia!

Sou saudades ,(dos dias) de outrora!

Sou versos de amor! (ou outro tema...)

Sou magia, eterna fantasia.

Sou poesia!


Sou a paixáo

que incendeia!

Sou da noite, o clarão,


A lua cheia..."



Heloisa Crosio (poetisa de Ribeirão Preto)

do livro: A arte de ser poeta

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Provocações

Quando seu cheiro
me invade
Desperta-me
de tal modo
que numa profusão
absurda
Em plena orgia
dos sentidos despertos
Perco o sentido do eu
e me transmuto
e me transubstancio
e me converto
em nós.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Função social da poesia.

"Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!..."
Castro Alves lá no romantismo já clamando que a poesia ("severa Musa") faça o papel de denunciar as misérias a que os homens são submetidos.
Este fragmento pertence à poesia "Navio Negreiro"

Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
a vida presente.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro. Nova Aguilar, 1992. p. 68.

Drummond faz de sua poesia um instrumento de denúncia. Escrito sob o impacto da ditadura e da Segunda Guerra Mundial, este poema representa a angústia e o engajamento político, pois o eu-lírico desisteressado do passado (o mundo caduco) ou do futuro, anuncia o compromisso com seus semelhantes: "o tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente."